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Artigo de Opinião

Vereadores de Goiânia precisam ser claros nas críticas a Rogério Cruz, sob pena de serem mal interpretados

Sob o vago discurso da insatisfação, vereadores sobem o tom nas críticas ao prefeito da capital, preparam abertura de CEI, mas não dizem, exatamente, quais seriam os pontos que estão causando esse desgaste entre os poderes municipais, nem tampouco apontam os motivos de interesse público que subsidiam esses movimentos que levam tom de ameaça de um possível processo de impeachment contra o gestor municipal

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Prefeito de Goiânia, Rogério Cruz (Republicanos), sob pressão de vereadores

Não há dúvidas de que a gestão do prefeito Rogério Cruz (Republicanos) em Goiânia tem deixado a desejar. Alçado à condição de prefeito após a morte do titular, Maguito Vilela (MDB), morto no início de 2021, vítima das complicações da Covid-19, Cruz não conseguiu atender às expectativas da população goianiense e mostra grande dificuldade para consolidar uma equipe que responda às suas próprias determinações. Concomitante à dificuldade de deslanchar sua administração, o prefeito se vê às voltas com uma ferrenha oposição dos integrantes da Câmara Municipal, inclusive do seu próprio partido, numa relação absolutamente desgastada do ponto de vista político.

A gestão Rogério Cruz enfrenta uma clara e inquestionável dificuldade de execução orçamentária. Em 2021 e 2022, a Prefeitura conseguiu executar apenas 34% e 25%, respectivamente, do seu orçamento previsto para investimentos. E não foi por falta de recursos, já que, em ambos os exercícios, o Paço fechou com robusta disponibilidade de caixa. O vai-e-vém de auxiliares é um dos motivos que levam a essa condição de paralisia e que passa a impressão de uma administração ruim junto à população.

Não obstante, a insatisfação proclamada pela maioria dos vereadores com a administração de Rogério Cruz não é bem entendida pela grande maioria da população. Os argumentos são de que Rogério Cruz não tem dispensado a atenção esperada aos vereadores, mas essa questão não tem sido explicada com a clareza necessária. Que reivindicações feitas pelos vereadores que o prefeito não estaria cumprindo? Essas solicitações vindas da Câmara Municipal estão abarcadas pelo interesse público? Há outros interesses dos edis, não exatamente republicanos, que estariam sendo contrariados pelo Paço? Essas são questões que precisam ser respondidas de forma clara e direta pelos representantes do legislativo goianiense.

E por que deveriam? Oras, as notícias que são publicadas sobre esse imbróglio, verdadeira queda de braço estabelecida entre Câmara e Prefeitura, são de uma clareza assustadoramente repreensíveis. Hoje mesmo (02/03), no jornal O Popular, matéria sobre abertura de Comissão Especial de Inquérito (CEI) para investigar a Comurg traz aspas do vereador Ronilson Reis (sem partido), em que ele diz literalmente que “isso aí (abertura da CEI) é uma insatisfação do Legislativo com o Executivo. Vai desgastando”. O vereador Paulo Henrique da Farmácia (Agir) corrobora a fala do colega e faz a mesma afirmação. “(A CEI) foi uma resposta do Legislativo pelo descontentamento de como a Prefeitura está tratando os vereadores”. Mais uma vez, a pergunta se impõe: que insatisfação é essa?

O próprio partido do prefeito fez cobrança pública por cargos na Prefeitura de Goiânia. “Queremos que ele possa também atender o partido. Precisamos fortalecer as bases”, disse o presidente do Republicanos em Goiás, Hildo do Candango, à coluna Giro, do O Popular. Nos bastidores, diz o jornal, vereadores do Republicanos manifestam interesse em pasta que “tenha orçamento”.

Portanto, é preciso que os vereadores de Goiânia venham a público para esclarecer, de uma vez por todas, de que insatisfação estamos falando, sob pena dessa pressão sobre a gestão de Rogério Cruz ser interpretada como uma cobrança fisiológica por cargos públicos na Prefeitura e/ou por outras pautas não republicanas. Por tudo que se vê e lê, há muito o que se explicar à população sobre essa pressão exercida sobre Rogério Cruz. Alheios a essa confusão, Goiânia e seus moradores sofrem as consequências da inação de uma administração que parece não ser autônoma.

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